DISTANCIAMENTO SOCIAL, PANDEMIA E A (IN)SEGURANÇA DA CASA
Resumo
Este artigo busca enfatizar o ambiente da casa no decorrer da pandemia do Covid-19, elucidando-o como cenário violento e perpetuador de condutas agressivas, já que indicadores demonstram o aumento de ocorrências de violência doméstica, e a realidade de subnotificações aponta para números ainda maiores. Durante a adoção do distanciamento social, utilizado para isolar as pessoas em suas casas e indicado como “seguro” para frear o contágio do vírus e suas consequências, as vítimas ficaram mais expostas aos agressores, já que a medida os coloca em contato direto, por mais tempo e no “anonimato” do lar. De forma analítica e por recurso interdisciplinar, a abordagem será realizada em três momentos: a) a concepção de casa e sua implicação na prática de violência doméstica; b) a leitura das relações na casa no desdobramento de Michel Foucault sobre estruturas de poder e seu exercício; e c) a indicação da ambivalência como constitutiva e o uso da palavra como possibilidade para romper com círculos violentos, a fim de tensionarmos a segurabilidade da casa em tempos pandêmicos.
Palavras-chave: Distanciamento social. Pandemia. (In)segurança da casa. Relações de poder. Violência doméstica.